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Liderança eclesiástica

Liderança é um tema muito abordado dentro da literatura, sendo tratado por diversos autores nas mais variadas obras. No entanto, o tema liderança pastoral ou eclesiástica ainda é escasso.

É indispensável conceber um enfoque conceitual da liderança pastoral, sendo evidente o perigo em refletir unicamente os conceitos e práticas gerais. Os meios de gestão seculares geralmente têm apenas um viés prático e seu objetivo muitas vezes é somente dominar seus liderados. Porém a liderança pastoral tem como foco a preocupação com a ética do caráter, ensinada por Jesus e pelos seus apóstolos, sendo este o fator decisivo do poder de influência com relação a seus liderados.

Liderar um time de obreiros em uma igreja, mesmo que aplicando ferramentas “seculares” de gestão de pessoas, é uma tarefa em um ambiente específico sendo preciso considerar suas especificidades.

A gestão na igreja é antes de tudo um ministério e seu alvo são pessoas. Por lidar com processos, em uma organização religiosa, pode ser considerada gestão como qualquer uma, mas por seu caráter espiritual é também uma gestão como nenhuma outra.

O pastoreio

A palavra pastor, que quer dizer guia, demostra o ato de ir adiante do rebanho de ovelhas. Da mesma forma, quando o ato de guiar do pastor humano é direcionada às pessoas, significa liderar.

Existe um obstáculo para definição bíblica da palavra liderança, uma vez que esse termo não é achado nos textos bíblicos. Porém, no ambiente eclesiástico e na história geral da Igreja cristã, a figura de alguém que liderava, exercendo influência e coordenando um grupo para a realização de propósitos divinos e comuns à fé cristã, sempre existiu.

Existem termos em grego no Novo Testamento, que, em seu contexto, são empregados ao papel do líder no ambiente eclesiástico, ou seja, a função pastoral. Um desses vocábulos gregos é kubernesis, que se encontra no livro de I Coríntios capítulo 12 e versículo 28. Essa expressão significa aquele que está no controle do timão do navio. Podendo também significar aquele que pilota, dirigi ou administra pessoas. Ainda existe outra palavra grega, que está no livro de Romanos capítulo 12 e versículo 8, referindo-se à função pastoral de liderança. A palavra é proistêmi e envolve a responsabilidade por outros e a proteção daqueles sobre os quais alguém é colocado.

O alvo

O objetivo da liderança pastoral concentra-se na valorização e promoção da pessoa humana, tendo como fundamento o entendimento que todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança do seu Criador. Sendo assim, eles devem valorizar cada pessoa como um ser único e especial, e trabalhar para ajudá-las a realizar todo o seu potencial.

Sempre que a liderança deixa de focar nas pessoas para priorizar a estrutura, distancia-se dos objetivos de Jesus. As ferramentas da gestão de equipes ministeriais são os modelos, os processos, a infraestrutura física e estas nunca devem ter primazia sobre as pessoas. Ao passo em que na gestão secular, os membros de um time são apenas ferramentas para a realização de um projeto ou objetivos organizacionais, por mais que sejam valorizados como pessoas no processo; já na gestão eclesiástica eles são o próprio objetivo e não apenas o meio.

Estou longe de afirmar que os processos e estruturas das igrejas não são importantes. Deus é um Deus de estrutura, organização e excelência. Devemos imitá-lo! Porém, Deus amou o mundo, não as estruturas. Para ficar mais claro, finalizo este breve texto utilizando uma das frases mais sábias que já ouvir:

“Nós não usamos pessoas para construir um ministério. Nós usamos o ministério para construir pessoas” (Guto Emery).